D. Francisco de Asis Diego José Maria del Rosário Mantero y Velarde
(D. Francisco Mantero)
N. Puerto Real, Cádiz, Espanha 4/10/1853, filho de Antonio José Maria del Carmen Mantero y Velez (1814-?), descendente de uma família italiana, de Génova, e de sua mulher D. Joaquina Maria Josefa Ignacia de la Santisima Trinidad Velarde y Romero (1818-?)
F. Lisboa (Lumiar) 23/4/1928
Casou em Lisboa (Santa Isabel) a 10/11/1887 com sua prima D. Maria Amélia Muller Belard (1870-1952), filha de seu tio D. Francisco de Assis Velarde y Romero (Belard) (1823-1892) e da 2ª mulher deste D. Amélia Muller de Albuquerque y Castro (1847-1921), de quem teve:
- António Mantero Belard de Albuquerque e Castro (1889-1952)
- Francisco Mantero Belard (c. 1891?-c. 1955?)
- D. Amélia Mantero Belard (c. 1893?-?)
- Carlos Mantero Belard (1895-1980)
- D. Laura Mantero Belard (1896-1980)
- Enrique Mantero Belard (1903-1974)
- Artur Mantero Belard (1905-1933)
Em 1869, o seu tio D. Francisco de Assis Velarde y Romero (Belard) (1823-1892), na altura já um próspero comerciante e agricultor, convidou-o a juntar-se-lhe em São Tomé para o ajudar nos negócios. D. Francisco Mantero começou por se dedicar ao comércio, mas rapidamente se associou ao tio na exploração da roça Santa Margarida, e começou também a exploração das roças Monte Macaco e Maianço com o sócio Manuel Joaquim Teixeira. Na década de 1880 formou a roça Esperança e começou a explorar vastas concessões na Ilha do Príncipe, como a roça Infante D. Henrique, que fundou e administrou.
Já depois de casado com sua prima D. Maria Amélia Muller Belard (1870-1952), em 1895, foi convidado para gerir a grande roça Água-Izé, que tinha sido fundada por João Maria de Sousa e Almeida, precisamente barão de Água-Izé, e era então propriedade do Banco Nacional Ultramarino.
D. Francisco Mantero imprimiu uma estrutura empresarial à exploração das roças de São Tomé, fundando a Companhia da Ilha do Príncipe e a Sociedade Agrícola Colonial, as duas mais importantes sociedades de São Tomé e Príncipe da época, das quais foi administrador e um dos principais accionistas. A Companhia da Ilha do Príncipe veio a comprar a roça Água-Izé em 1898, e a Sociedade Agrícola Colonial integrou entre outras a roça Santa Margarida de seu sogro.
Esta visão empresarial da agricultura estendeu-se a outras colónias: D. Francisco Mantero fundou em Angola a Companhia de Cabinda e a Companhia do Cazengo, em Moçambique criou os Prazos de Lugela e fundou a Companhia de Timor.
Em 1889 solicitou ao Governador de São Tomé a concessão de um caminho de ferro na ilha, que não teve na altura qualquer efeito mas foi o ponto de partida para o movimento que levaria à construção das várias linhas de caminho de ferro em São Tomé e Príncipe. Note-se que em 1895 já existiam linhas de caminho de ferro privadas nas roças mais importantes, como por exemplo na roça Santa Margarida.
Depois de regressar definitivamente a Lisboa fundou, em 5/8/1916, a Sociedade Francisco Mantero, Lda., desde 1967 denominada Sociedade Comercial Francisco Mantero, S.A.R.L.
Foi presidente da Câmara de Comércio Espanhola em Lisboa, presidente da direcção do Asilo da Infância Desvalida do Lumiar e da Escola José Estêvão, sócio fundador da Sociedade de Geografia de Lisboa, sócio benemérito da Academia Musical (1883), presidente honorário do Centro Colonial de Lisboa e sócio honorário da Associação de Escritores e Artistas de Madrid.
Condecorações: grã-cruz da Ordem Civil do Mérito Agrícola (24/5/1902), cavaleiro (10/5/1923) e comendador da Ordem de Cristo, cavaleiro de 1ª classe da Ordem do Mérito Naval de Espanha, com distintivo branco, comendador da Ordem de Leopoldo, da Bélgica, e cavaleiro grã-cruz da Ordem de Isabel, a Católica, de Espanha.
Segundo o Dr. Jorge Forjaz, in "Genealogias de São Tomé e Príncipe - Subsídios", 2011, "Consta que o Rei D. Carlos o quis agraciar «com o título de conde e posteriormente de marquês, inequivocamente recusados por Francisco Mantero»". Não tenho elementos que confirmem ou desmintam esta afirmação.
D. Francisco Mantero comprou a Quinta dos Lilazes, no Lumiar, e dedicou-se intensamente à restauração e ampliação da casa da mesma. Em 1897 comprou a parte rústica da Quinta das Conchas, que lhe ficava anexa. No centro do grande lago artificial da Quinta das Conchas mandou fazer duas pequenas ilhas arborizadas com palmeiras, que evocam as ilhas de São Tomé e do Príncipe.
Em 1971, a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu o seu nome a uma rua na freguesia dos Olivais.
Publicou:
- A mão de obra em São Tomé e Príncipe, Lisboa, ed. Autor, 1910 (com edições em português, espanhol e inglês)
- A mão d'obra indígena nas colónias africanas, Lisboa, Sociedade de Geografia, 1924 (tese apresentada no 2º Congresso Colonial Nacional)
- Elementos de Estatística de São Tomé e Príncipe
- Os Meios de Comunicação em São Tomé e Príncipe
O seu importantíssimo espólio documental foi depositado pelo seu bisneto Dr. Francisco Xavier Zea Mantero (n. 1948) no Arquivo Histórico Ultramarino, onde ficou com o nome "Fundo Francisco Mantero".
Há um verbete sobre ele na "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", que se reproduz aqui: